Heleno faz apelo por medidas contra a seca nordestina

“Se o governo não apresentar propostas que resolvam definitivamente o problema da seca no Nordeste, não vejo porque continuar na relatoria da MP do programa de microcrédito”. O desabafo foi feito pelo deputado federal Heleno Silva (SE) em mais um pronunciamento na Câmara onde chamou a atenção para a pior seca a atingir a região nos últimos 50 anos. Em tom de apelo, o parlamentar pediu que a Presidente Dilma colocasse o desafio da seca como uma prioridade de seu governo. “O nordestino ainda acredita na presidente”, afirmou.

Segundo Heleno, o governo tem dado demonstrações de que está preocupado com a questão, mas o parlamentar acha que as medidas estão sendo tomadas de forma muito demorada. Estamos falando de centenas de milhares de pessoas que estão passando fome, sede, e vendo toda sua renda ser perdida. “O Nordeste está a caminho da falência”, advertiu, lembrando que só há poucos dias o governo federal anunciou a suspensão dos leilões de propriedades que foram motivo de penhora por atraso no pagamento dos financiamentos.

A dívida dos pequenos produtores nordestinos é impagável segundo Heleno. “Este é um problema que se arrasta desde 1994, ainda no governo Fernando Henrique. Gente que pegou R$ 30 mil e hoje deve R$ 300 mil. Muito mais do que vale o próprio terreno diante das adversidades atuais”, lembrou.

Segundo Heleno, outro problema está relacionado aos novos financiamentos. “O Banco do Nordeste não tem mais condições de atender as demandas. Na cidade de Nossa Senhora da Glória, por exemplo, de 200 pedidos de empréstimo, apenas 20 são concedidos. É muito pouco para uma situação de tal calamidade.”



Segundo o deputado sergipano, o prejuízo das secas já chega a R$ 19 bilhões na região. “O Governo liberou emergencialmente a chamada Bolsa Estiagem, uma ajuda de R$ 80 reais mensais, que inicialmente, beneficiará 150 mil famílias, com a meta de chegar a 400 mil. É uma grande ajuda, mas é pouco para o caos que chegou a região, onde o número de endividados ultrapassa os 1,4 milhão”.

Para o parlamentar, faltou mais uma vez visão política e antecipação aos problemas. “Não podemos mais ver cidades como Poço Redondo, Canindé do São Francisco, e outras regiões que estão muitas vezes a poucos quilômetros do Rio São Francisco, com moradores sem água. Com produções importantes como a de leite totalmente comprometidas. Isso é falta de visão, por parte de governos estaduais mas também de uma maior agilidade por parte do governo federal”, criticou.

Heleno lembrou, no entanto, que se não fosse o Bolsa Família, a situação seria muito pior. “Se não fosse a tantas vezes criticada ajuda do governo federal, que já foi chamada até de ‘Bolsa Voto’, o Nordeste não teria a menor condição de sustentabilidade”.

O deputado republicano acredita que o governo deveria dedicar ao problema na região o mesmo empenho que teve com a energia, com o programa Luz Para Todos. “Uma iniciativa espetacular do governo Lula, que tirou toda uma população do escuro. Agora, quem sabe a presidente Dilma não tira da seca”.

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